REVOLUÇÃO
Não são os homens que revolucionam o mundo, são seus ideais.

03 novembro 2006

A ALEGRIA DA TRISTEZA

Ela estava sofrendo por amor. Tinha certeza que iria durar para sempre, mas não durou.

Nunca pensou que alguém poderia sofrer tanto assim, as lágrimas não paravam de jorrar, infelizmente as lembranças não faziam o mesmo, continuavam impregnadas em seu peito, sem data prevista para se mudar. Sua única companhia era a solidão, sempre lhe dizendo para chorar, se magoar, colocar a culpa no mundo por ser tão belo e generoso, pois foi ele quem a fez acreditar no amor.

Todos lhe diziam que com o tempo as feridas se cicatrizariam, amanhã ela estaria melhor, mas o que fazer com o hoje?

Pediu a Deus que arrancasse o seu coração, não suportaria mais sofrer nem se quer por mais um minuto, sua vida não era mais a mesma, vivia chorando pelos cantos, tudo lembrava o seu rosto, o seu olhar infinito.

Deus teve vontade de chorar quando ouviu as preces daquela garota, mesmo sabendo que não era a melhor decisão a ser tomada, acatou o seu pedido, e assim seu coração foi arrancado do peito para nunca mais chorar.

A partir daquele momento não houve mais sofrimento, a dor havia se dissipado.

Os dias foram passando e a garota percebeu que havia algo de errado, os lugares que gostava de freqüentar não lhe pareciam mais atraentes, os filmes que gostava de assistir não eram mais interessantes, os amigos com quem conversava agora lhe parecia estranhos, os jardins antes coloridos, se resumiam em preto e branco.

Sentia um imenso vazio dentro de si, um silêncio tão profundo que poderia ouvir as batidas do seu coração se ele estive ali. Era esse o problema, sem coração não havia sofrimento, contudo não havia alegria. Pensou nos momentos felizes que estariam por vir, nas tardes ensolaradas que jogava conversa fora, no sorrir por sorrir, fazer tudo aquilo que queria sem hesitar. Tudo isso não aconteceria mais, porque ela decidiu não sofrer mais por amar.

A garota de olhos tristes passou a ter olhos sem vida, insuportável para ela agora era viver sem viver, respirar e não sentir o perfume das flores, cantar e não se reconhecer mais na melodia, dançar e não ter mais a sensação de seu corpo estar flutuando.

Sem explicação, uma lágrima rolou pelo seu rosto, paradoxalmente estava com saudades da saudade, era a sua alma pedindo para voltar a brilhar.

Desta vez sem que ela precisasse dizer uma única palavra, Deus entendeu o que ela queria, simplesmente assoprou vida em seu peito.

A garota ajoelhou-se, estava desacostumada com o peso do amor, ficou feliz por sentir novamente as batidas de seu coração, mesmo que ele ainda estivesse triste. Terminou postando as mãos junto ao peito, dizendo sem medo:

- Calma, vai passar.

Amém.

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