REVOLUÇÃO
Não são os homens que revolucionam o mundo, são seus ideais.

20 dezembro 2006

CORAGEM

- Coragem hoplitas! – gritou o estratego Milcíades para seu exército de cidadãos atenienses.

A visão da praia de Maratona era desoladora, os medos tinham a proporção de quatro para um, 10 mil atenienses contra 40 mil persas. As 600 galeras do inimigo estavam enfileiradas ao longo da costa, prontas para varrer do mapa aquele povo que teve a audácia de enfrentar o grandioso exército do rei Dário.

Lisímaco, hoplita ateniense, postado na primeira fila, sentiu seu coração bater mais forte ao avistar a formação do império persa. Logo a frente vinha a infantaria, multidão coberta de galões, de todos os povos submetidos ao Império: os Persas, com a cabeça coberta pela “tiara”, gorro pontiagudo de feltro mole, vestidos com longas túnicas aromatizadas, armados com uma lança curta, um punhal e um arco, protegidos por um escudo leve de vime entrançado; depois os Cissienses de turbante, os Assírios, com uma maça de ponta de ferro na mão, os Indianos com roupas de algodão, os Caspianos, selvagens nas suas peles de animal, os Etíopes com seu curioso costume, combatem besuntados de gesso e vermelhão, os Líbios, os Sírios, os Pisidienses de capacetes munidos de chifres de boi em bronze e muitos outros ainda.

Era a vez dos Imortais passarem em frente à tribuna do seu senhor: soldados de elite de raça persa ou meda, sempre em número de 10 mil. Quando um deles cai, é imediatamente substituído. Vão para o combate cobertos de jóias de ouro, seguidos pelos servos e concubinas. Depois passava a cavalaria encaracolando altivamente. Por último vinha os Árabes montados nos seus camelos, porque os cavalos não suportavam a presença destes animais estranhos.

- Esta guerra não está perdida até que caia o último de nós! – bradou Milcíades ao ver o medo estampado no rosto dos hoplitas.

Temístocles, outro estratego ateniense, se dirige até Milcíades e o interpela:

- Eles têm arqueiros suficientes para cobrirem os céus com suas flechas.

Milcíades sabia que a bravura de seus homens dependia da sua.

- Que sejas, assim lutaremos à sombra!

O hoplita Lisímaco segurou mais firme sua arma, não tinha a mínima idéia se sairia vivo daquela batalha desigual, apesar de seu general tentar introduzir a coragem no coração dos homens da Hélade, ele estava com medo, com muito medo. Lembrou-se das palavras ditas pelo poeta Frínico: “Não adianta temer o inevitável, o que nos resta é apenas lutar”.

- Que Teseu esteja conosco! Para a glória de Atenas! – Milcíades avançou sobre a imensidão persa lembrando o herói nacional de Atenas, seguido dos amedrontados hoplitas que só podiam lutar.

Dessa forma eclodira uma das batalhas mais desiguais que o mundo já conhecera, conhecida como a primeira das Guerras Médicas. Desigual porque o vantajoso exército persa não esperava encontrar homens tão valorosos, os hoplitas lutaram como se estivessem sobre a benção de Apolo.

Na noite de 13 de Setembro de 490 a.C., um novo Davi venceu Golias. Os Persas abandonaram mais de 6 mil dos seus no campo de batalha; os atenienses deploraram a perda de 192 valentes. O túmulo erguido no lugar do combate lembra o seu sacrifício aos séculos vindouros.

Lisímaco sentiu todos os músculos do seu corpo retesar pelo esforço que fizera durante horas pelejando contra o inimigo, deixou suas armas caírem ao chão e ajoelhou-se. Chorou e agradeceu aos Deuses pela vitória e por ainda estar vivo.

Os estrategos Temístocles e Milcíades também sobreviveram à batalha, o primeiro estava embebido de espanto pela vitória.

- Nossos homens estavam repletos de medo. Como conseguimos Milcíades?

Milcíades sorriu e disse antes de montar em seu cavalo:

- Não são os mais corajosos que vencem as batalhas, e sim aqueles que vencem seus próprios medos.

2 Comentário(s):

  • Olá Mago, não sei se vc vai ler este comentário, pois me parece que vc está abandonando sua revolução. Eu só queria dizer que eu visito seu blog sempre e acho q as msgs q vc deixa aqui são muito boas..pena vc não estar postando mais...elas já me fizeram refletir sobre várias coisas e várias vezes e tbm me fez mudar algumas atitudes que eu tinha. Acho q sua revolução está funcionando, pois assim como isso aconteceu comigo pode acontecer, ou estar acontecendo com várias outras pessoas. Não desista da sua revolução mesmo q não pareça surtir efeito. Acredite nela, pq a cada dia alguém pode estar se modificando e um dia..mesmo q demore um pouco...todos podem querer mudar.

    By Anonymous Anônimo, at 9:51 PM  

  • Olá amigo ou amiga anônima,

    Gostaria de lhe agradecer pelo apoio de sua mensagem, não sabe o quanto me faz feliz saber que minhas mensagens estão ajudando você a refletir sobre nosso mundo.
    Realmente não estou postando mensagens como antes, às vezes sinto que estou lutando contra moinhos de vento como Dom Quixote, mas hoje você me provou que não estou só nesta caminhada.
    Nesse meio tempo escrevi novas mensagens, mas não as havia postado no blog. Provavelmente quando ler este e-mail elas já devam estar postadas.
    Também fiz um novo blog devido a alguns problemas que estava tendo com o Blog Spot que já foram solucionados, então você tem a escolha de ver em qualquer um dos dois, pois as mensagens são as mesmas.
    Obrigado mais uma vez por seu apoio, que a Revolução continue...

    Blog: www.apdmago.zip.net

    By Blogger O Mago, at 9:44 AM  

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